quarta-feira, 30 de março de 2011

A Grande Obra



Mudar em ouro o chumbo, o mercúrio e todos os outros metais, possuir a medicina universal, e o elixir de vida, tal é o problema a resolver para alcançar este desejo e realizar este sonho.

Como todos os mistérios mágicos, os segredos da grande obra têm uma tríplice significação: são religiosos, filosóficos e naturais.

O ouro filosofal, em religião, é a razão absoluta e suprema; em filosofia, é a verdade; na natureza visível, é o sol; no mundo subterrâneo e mineral, é o ouro mais perfeito e mais puro.

É por isso que chamam a procura da grande obra a investigação do absoluto, e que designam esta mesma obra pelo nome de obra do sol.

Todos os mestres da ciência reconhecem que é impossível chegar aos resultados materiais, se a pessoa não achou, nos dois graus superiores, todas as analogias da medicina universal e da pedra filosofal.

Então, dizem eles, o trabalho é simples, fácil e pouco dispendioso; noutro caso, consome a fortuna e a vida dos sopradores.

A medicina universal, para a alma, é a razão suprema e a justiça absoluta; para o espírito, é a verdade matemática e prática; para o corpo, é a quintessência, que é uma combinação de luz e de ouro.

A matéria prima da grande obra, no mundo superior, é o entusiasmo e a actividade; no mundo intermediário, é a inteligência e a indústria; no mundo inferior, é o trabalho; e na ciência, é o enxofre, o mercúrio e o sal, que, alternativamente volatizados e fixados, compõem o azoth dos sábios.

O enxofre corresponde à forma elementar do fogo, o mercúrio ao ar e a água, e o sal à terra.

Todos os mestres de alquimia que escreveram sobre a grande obra, empregaram expressões simbólicas e figuradas, e deviam faze-lo, tanto para afastar os profanos de um trabalho perigoso para eles, como para fazer- se entender bem dos adeptos, revelando-lhes todo o mundo das analogias que rege o dogma único e soberano de Hermes.

Assim, para eles, o ouro e a prata são o rei e a rainha, ou a lua e o sol; o enxofre é a águia voadora; o mercúrio é o andrógino alado e barbado, montado num cubo e coroado de chamas; a matéria ou o sal é o dragão alado; os metais em ebulição são leões de diversas cores; enfim, a obra inteira tem por símbolo o pelicano e a fénix.

Eliphas Levi in Dogma e Ritual da Alta Magia

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