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Abaixo deixo-vos o meu primeiro artigo para a mesma, não deixem de visitar e ler todos os outros artigos, que são de enorme interesse :)
Cosmogonia é o termo utilizado para determinar uma ou mais teorias sobre a formação do Universo. A primeira de todas as culturas reconhecida pela academia científica a interessar-se por este estudo e a tentar apresentar material objectivo foi a civilização Egípcia.
O Egito maravilhava-se com o mundo cheio de vitalidade e procuraram sistematicamente desenvolver e compreender Cosmogonias múltiplas, que apesar das diferenças entre as escolas de pensamento, quanto interpretações da realidade, possuíam traços fundamentais comuns entre si.
O Universo para os Egípcios tinha três regiões: o mundo inferior, que era o reino dos mortos; a terra, o reino de toda a criação animada; o céu, que era o reino das divindades Cósmicas, da lua e das estrelas.
A Terra era um disco rodeado pelas águas primordiais, designadas por
Nun. O centro da Terra era o Egipto e
Nun rodeava ainda o Mundo Inferior e o Céu, ou seja, todo o Cosmos estava envolvido num oceano primordial.
Como surgiu então, este Mundo?
Podemos detectar a influência de três obras clássicas que levaram a Cosmogonias múltiplas: o Livro das Pirâmides, o Livro dos Sarcófagos, e o Livro dos Mortos do Egito. Existiram ainda outras obras de algum relevo, porém apenas três principais escolas teológicas singraram, inspiradas nas três obras identificadas. É neste ponto em que as interpretações divergem quanto as relações entre os elementos fundadores do Universo: a Escola de Heliópolis (Grande Escola da Enéade de Heliópolis), a Escola de Hermópolis e a Escola de Mênfis.
A Grande Escola da Enéade de Heliópolis
No Inicio do Universo existia apenas
Nun, o oceano primordial onde o Deus de toda a criação,
Atum, vagueia sem qualquer preocupação, ocupação ou propósito. Um mundo caótico, inconsciente do seu estado.
Atum dirigiu-se para um lugar elevado nas águas de
Nun e colocou-se de pé pela primeira vez. Ao masturbar-se
Atum ejaculou, “cuspiu”
Chu, o Deus da vida, do ar e da luz, que também simbolizava o princípio masculino activo e
Tefnut, a Deusa da Humidade que personificava a água e a verdade e o princípio feminino activo.
Atum era hermafrodita sendo simultaneamente pai e mãe deste primeiro casal primordial Divino
Deste casal surgiram
Nut, Deusa do Céu e
Geb, o Deus da terra.
Chu ergueu
Nut (o céu) sobre
Geb (a terra), e assim formaram a abóboda celeste.
Nut e Geb criaram o tempo, a noite e o dia, e quando
Geb e
Nut se uniam, criavam a noite e autorizavam os homens a ver a beleza do céu estrelado.
Da união entre
Geb e
Nut nasceram quatro deuses que acasalaram da seguinte maneira: Isis com Osíris e Set com Néftis.
Isis personificava o trono da realeza e simbolizava a natureza, logo, toda a criação.
Osíris o lodo fertilizador do Nilo e constituía o modelo para o faraó reinante.
Osíris tornou-se Deus da Terra, que governou durante muitos anos com o apoio de
Isis, sua mulher.
Set simbolizava o caos e a morte, ou seja, as forças hostis à vida do homem.
Néftis é também uma deusa da natureza que se tornaria a guardiã dos mortos.
Set que invejava o estatuto de
Osíris como Deus da Terra, convidou-o para um banquete. Durante a celebração, exibiu um Sarcófago e prometeu oferecer a quem coubesse perfeitamente nele. Vários dos convidados de Set experimentaram porém ninguém tinha as medidas certas, uma vez que Set tinha meticulosamente preparado o Sarcófago com as medidas de
Osíris. Por fim
Osíris, experimenta e entra no Sarcófago, sendo de imediato aprisionado por
Set que o atira para as profundezas do rio Nilo.
Isis parte numa demanda para encontrar o seu marido encontra o Sarcófago preso a uma árvore, que logo de seguida o esconde numa plantação de papiros.
Set encontra o Sarcófago e furioso esquarteja o corpo em 14 pedaços.
Novamente
Isis parte na demanda porém acompanhada da sua irmã
Néftis ,em busca de recuperar todos os pedaços do corpo de
Osíris. A missão é quase bem-sucedida, porém, aperceberem que o falo (pénis) de
Osíris foi sido devorado por um peixe. Para compensar a falta do falo
, Isis cria um falo artificial.
Aqui encontram-se várias versões: umas dizem que o falo artificial é de ouro, outras de caules de vegetais .
Isis,
Néftis e Anúbis procedem então à prática da primeira mumificação
. Ísis transforma-se num milhafre, e graças ao bater das asas, agora sob forma de animal, sobre o corpo de
Osíris, realiza uma magia que o ressuscita. Uma vez isto posto,
Isis une-se sexualmente a
Osíris e deste momento resultou um filho- Deus Horús. A partir de então,
Osíris passou a governar apenas o mundo dos mortos, até que
Hórus venceu o seu tio
Set numa épica batalha divina.
Cosmogonia da Escola de Hermópolis
Nesta escola o Caos era não apresentado com um vazio ou ausência total de ordem, dado que nele existiam quatro casais de Deuses/Génios: os machos com cabeça de rã e as fêmeas com cabeça de serpentes. Os casais são
Noun e
Nounet ( Nounet) personificação do oceano primordial, o espaço antes da criação;
Kouk (Kekou) e
Kauket ( Kekout-Keket) personificação da obscuridade que reinava sobre o espaço primordial antes do nascimento do sol;
Houh (Hehou) e
Hauhet (Hehet) a água que se alastra e flui procurando o seu caminho, o infinito; por fim
Amon e
Amaunet (Amonet) tudo o que está escondido, Oculto.
Estes Oito Deuses (quatro casais), unem-se para criar um ovo no topo de uma elevação. Este ovo primordial, é a manifestação da união entre os princípios divinos celestes, fora do caos primordial, acabando por fazer emergir o mundo manifestado. Do ovo nasceu
Rá, o Deus Sol, que sobe ao Céu para irradiar o mundo com os seus raios benfeitores.
Depois do seu nascimento, os Deuses adoptaram uma aparência visível e cumpriram em conjunto um ritual mágico através do qual fizeram aparecer um lótus. Esta flor abriu-se com um flamejamento de luz e deu origem a um ser divino feminino, que se uniria com
Rá. Desta sua união nasceu
Thot, o primeiro nascimento divino.
Três dos casais retiraram-se do mundo visível para se tornarem os guardiões do equilíbrio.
Amon e
Amonet adaptaram-se à nova ordem e abandonaram Hermópolis seguindo para Tebas.
Cosmogonia da Escola de Mênfis
Combina elementos das escolas anteriores, porém confere ao Deus local
Ptah, o papel de criador. Após criado o mundo, usa a sua língua e o coração para gerar
Atum.
Este sistema não rejeitava a Enéade de Heliópolis, simplesmente considerava
Ptah como criador dessa Enéade. O deus
Ptah era também considerado o criador do Ka ou a alma de cada ser.