segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Reencarnação - por Papus

"Para procurar fazer compreender bem os detalhes desta reencarnação espiritual, vamos lembrar a idéia que a tradição iniciática dá da constituição do corpo humano e dos princípios que o constituem.

O corpo humano é formado de um envoltório físico material, que todos conhecemos e vemos. Este envoltório material era chamado pelos Egípcios de KHAT. Ao lado deste envoltório material há um princípio que recebe a forma do corpo, que é verdadeiramente seu duplo. Este princípio que está ligado ao plano astral, que nele respira secretamente e sofre a influencia dos astros, foi chamado por Paracelso de corpo astral e pelos Egípcios de KA, que os sábios orientalistas contemporâneos muito bem traduziram,
com Maspero, pela palavra duplo.
Da mesma forma que o corpo físico vem do plano físico e volta a ele, este corpo astral vem do plano astral e volta a ele.
O Ka, ou corpo astral, é o governante do organismo; está fisicamente localizado no nervo "Grande Simpático" (Sistema Nervoso Autônomo), e em todos os seus ramos. Se quisermos fazer uma representação do nervo Grande Simpatico, precisamos desenhar todos os capilares, todas as artérias, todas as veias e todos os órgãos ativados por este nervo. Temos assim um verdadeiro duplo do corpo físico.
O princípio espiritual que utiliza como meio de ação sobre a matéria este duplo astral, era chamado pelos Egípcios de KHU. O ente humano encarnado era pois composto de um corpo Khat, dum duplo astral Ka , e de um espírito KHU. Este espírito agia geralmente de longe, por meio de cliches enviados à nuca do seu corpo físico . Os egípcios pretendiam que, desde o nascimento, o espírito se refugiava nas regiões astrais, na estrela polar, e daí é que incitava os elementos materiais.
Depois da morte o nome dos princípios mudava: a parte física, poderíamos dizer astrofísica, que envolvia o ente humano privado de corpo material, tomava o nome de Bi. A parte astrovital deste corpo fluídico tomava o nome de Ba, alma, animando tanto os animais como todos os seres vivos. E finalmente a parte astro-espiritual, simbolizada em hieróglifos
por um gavião de cabeça humana, tomava o nome de Bai.
Se entramos em todos estes desenvolvimentos, é que a tradição ocidental tira sua origem dos ensinos secretos do Egipto, e esta tradição egípcia foi um modelo de clareza, de síntese e de ensino verdadeiramente divino; ao passo que a tradição vinda do Oriente foi deformada, obscurecida, encoberta pela análise, e nunca apresenta a claridade luminosa da tradição do Egipto.
Além disso, Moisés era sacerdote de Osíris; foi iniciado pelos Egípcios; sua iniciação foi completada pela tradição negra de Jethro, mas é no Egito que devemos procurar a origem dos ensinos que Moisés nos vai transmitir em seu Sepher.
Compreenderão, pois , porque insistimos tanto sobre os ensinos do Egipto a este respeito.


Volta à matéria

Da mesma forma que o homem, na terra, muda de plano quando os tempos passam, assim também no plano espiritual, o espírito adquire consciência de que as provas devem ser prosseguidas para sua evolução pessoal e a evolução de todos os outros espíritos, de que somente é um elemento. É então que lhe é pedido o grande sacrifício.
Está em plena consciência de todas as suas encarnações anteriores, sabe o que ganhou ou o que perdeu nas suas últimas existências e sabe igualmente quais são os clichês de que terá de triunfar na existência que vai realizar-se.
Há uma verdadeira agonia com todos os seus horrores, há uma luta terrível entre o espírito e seus sofrimentos futuros, análoga à agonia terrestre e à luta da matéria que não quer deixar o espírito que encarna.
Diante das provas entrevistas: um casamento infeliz, a morte dos filhos, a separação dos entes, a ruína terrestre, a prisão, a desonra, talvez a calceta de forçado, compensadas apenas por algumas bem insignificantes alegrias, o espírito se enche de angústia, sua luz se obscurece e ele exclama, comentando a palavra que ecoou através de todas as esferas
visíveis e invisíveis : Meu pai ! meu Pai! por que me abandonaste ?
É então que intervêm os espíritos de protecção; Todas as luzes dos avós, todos os raios divinos do enviado celeste se concentram na luz obscurecida de angústia da vítima da fatal evolução, e os cânticos celestes a rodeiam e a reconfortam. Num momento de entusiasmo sublime, passado em revista todo o ciclo dos entes de todos os planos que com ele vão evoluir, o espírito exclama : Meu Pai, estou pronto, permiti-me somente na terra ser um soldado de nosso Senhor, que não me abandoneis e que a vossa presença me salve neste inferno terrestre onde vou me consumir. Depois os fluídos do rio do esquecimento, rio astral e não físico, rodeiam o espírito que vai descer .

Esta perda de memória é indispensável para evitar o suicídio na terra."

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