sexta-feira, 24 de junho de 2011

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A compreensão humana não é um exame desinteressado, mas recebe infusões da vontade e dos afectos; disso se originam ciências que podem ser chamadas ciências conforme a nossa vontade”. Pois um homem acredita mais facilmente no que gostaria que fosse verdade. Assim, ele rejeita coisas difíceis pela impaciência de pesquisar; coisas sensatas, porque diminuem a esperança; as coisas mais profundas da natureza, por superstição; a luz da experiência, por arrogância e orgulho; coisas que não são comumente aceitas, por deferência à opinião do vulgo. Em suma, inúmeras são as maneiras, e às vezes imperceptíveis, pelas quais os afectos colorem e contaminam o entendimento.

Francis Bacon, Novum Organon (1620)

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